Sobre o blog

"Resultado que nasce incansável da arte de lapidar palavras e transmitir conteúdos"

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Só um sentido...

Qual o sentido de conhecer alguém virtualmente pela internet?

Seja em sites de bate-papo, comunidade de facebook ou, mais moderno ainda, por aplicativos de celular especialmente criados para esse fim: conversar com pessoas que estão próximas a você (num raio de 1km ou até menos) mas que são completas desconhecidas?

São muitos os motivos pessoais de cada um, mas apenas uma razão: vivemos um tempo em que as pessoas interagem muito mais com o mundo virtual do que com o real. Robozinhos e megabytes separam você do outro, e há apenas um sentido nisso tudo... um sentido que predomina sobre todos os outros: a visão!

Não a visão à longa distância, ninguém olha para o horizonte do mundo, apenas o vê recortado através de telas. A imagem é tudo. Você conhece uma pessoa vendo fotos dela e por aquilo que ela te conta, ou melhor, digita. A imagem, porém, está totalmente passiva de manipulação e edição. A foto pode ter tratamento, houve uma pré-seleção, dificilmente você vai ver a pessoa em situações desfavoráveis. Já as palavras, quantas vezes não são escritas e reescritas antes de serem enviadas?

Para tentar diminuir a virtualidade, é preciso fazer uso dos outros sentidos. A audição pode ser acionada, em um telefonema mais íntimo, mas não deixa de ter seu papel secundário. O olfato pode ser virtualmente estimulado ao se dizer o perfume, o shampoo, a loção usados. O mesmo ocorre com o paladar:

- gosto de chocolate e morango!
- prefiro baunilha...

Mas tem só um sentido que não dá para intuir, que faz efeito somente na mente, e olhe lá! É o tato... tocar, ser tocado e finalmente se tocar: chega de relacionamento virtual. Você só conhece alguém de verdade quando encontra os olhos nos seus, prova o gosto, experimenta o cheiro, escuta os batimentos do coração e então sente o insubstituível calor da pele humana.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A cilada ou asilada?

Queriam colocar a bisavó no tal do asilo. Mamãe foi contra:
- Coitada da vó! É uma cilada.
- Por quê?
- Você iria gostar que seus filhos te largassem num lugar como esse?
Não quero ter filhos. Mas no caso da bisa, o tal do asilo estava fora de questão:
- Nem aqui, nem na China!
Não mesmo! Ela foi para Goiânia, onde o tio tem uma propriedade. Mas mamãe não quis nem saber, acionou toda a família, acendeu vela pro santo e passou uma noite sem dormir. Queria que a velha voltasse logo para sua vidinha solitária e rotineira!

Ontem a bisa ligou do celular do tio:
- Alou?? Alou??
- Oi bisa, tá tudo bem?
- Tô ótima, eles cuidam bem de mim aqui.
- Mas onde a senhora está?
- É uma casa grande, perto de Goiânia, tô tomando um chá.
- A senhora está na casa do tio?
- Parece um hotel, sou bem servida, ótimas refeições, vejo a novela todos os dias!
- Então a senhora está se divertindo?
- Vou ficar dois meses! É bonito, muito animado, cuidam bem de mim aqui.
Avisei mamãe que a bisavó ligou e está bem, mandou beijos a todos. Acho que ela não foi parar no tal do asilo. Disse que estava num lugar bom e bonito, animado, com amigos, comida, chá da tarde, novela e pessoas para dar atenção e cuidado.

Isso não se parece em nada com uma cilada!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Quase sempre as mesmas pessoas, quase sempre o mesmo ônibus


Quem pega ônibus para ir trabalhar sempre no mesmo horário sabe que, fatalmente, acaba encontrando quase sempre as mesmas pessoas, pois sobe quase sempre no mesmo ônibus. Tem a cobradora ou o cobrador que nos cumprimenta na catraca. Tem a senhorinha que você supõem que seja super educada, mas não hesita em te dar um belo empurrão caso queira chegar mais perto da porta de saída. Têm as amigas fofoqueiras que gritam e dão altas gargalhadas junto com o motorista. Tem a moça bonita com fones de ouvido que não dá bola pra ninguém. Tem o tiozinho excessivamente perfumado. E mais tantos outros personagens!

Eu já estou acostumada a essa rotina, até fiz alguns amigos "do busão". Um dia, porém, entrei no ônibus, no mesmo horário de sempre, e notei que algo estava diferente! Primeiro a cobradora: nunca tinha visto aquela antes. Podia ser nova. Tinham os personagens usuais: velhas, fofoqueira, fones de ouvido, cheirosos, mas nenhum deles era um rosto conhecido. Passei para trás e sentei. Concentrada no meu celular, não prestei atenção ao caminho, até que percebi um trânsito fora do comum para a 23 de Maio naquele horário. Ergui a cabeça e olhei para fora, qual não foi minha surpresa? O ônibus estava na Av. Brasil. Definitivamente tinha algo muito errado naquele dia. Se estava tudo diferente, só podia haver uma explicação:

- Com licença, moça, que ônibus é esse?
- Terminal Bandeira!
- Ah... Obrigada! Peguei o ônibus errado...

Nem sempre a gente encontra os mesmos cobradores ou as mesmas pessoas, mas quase sempre é o mesmo ônibus, ou pelo menos o mesmo trajeto, a não ser que...